O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou nesta segunda-feira a troca do comando doMinistério da Educação (MEC) . No lugar de Ricardo Vélez Rodriguez, demitido nesta manhã, assume o economista Abraham Weintraub.
Weintraub foi um dos integrantes da equipe do governo de transição comandada pelo atual ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Ele e seu irmão, o advogado Arthur Weintraub – que também integra o governo, como assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial do Presidente da República -, participaram da formulação do programa de governo de Bolsonaro na área de Previdência, na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Após a eleição, ele assumiu como secretário executivo da Casa Civil, o segundo posto mais importante do ministério comandado por Lorenzoni, cargo que deixa agora para assumir o MEC.
Weintraub formou-se em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo e é mestre em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas. No entanto, diferentemente do informado inicialmente por Bolsonaro no Twitter, o economista não declara na plataforma Lattes nem na rede social LinkedIn que tenha cursado um doutorado. O presidente corrigiu a informação pouco depois.
Atualmente, é diretor executivo do Centro de Estudos em Seguridade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele também é professor de direito previdenciário da mesma instituição. Ele informa em seu currículo na plataforma Lattes que coordenou em 2016 a apresentação de uma proposta alternativa da Reforma da Previdência formulada por professores da universidade.
Weintraub também atuou como executivo do mercado financeiro por mais de 20 ano. Foi sócio da Quest Investimentos, diretor do Banco Votorantim, membro do comitê de trading da Bovespa, conselheiro da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord).
Weintraub foi demitido do Votorantim em agosto de 2012, conforme ata de reunião publicada na época. O comunicado não dá detalhes dos motivos da saída do executivo.
Aproximação com Bolsonaro
Os irmãos Weintraub se aproximaram se Bolsonaro por meio de Lorenzoni, como relatou Arthur em uma reunião do departamento do Curso de Ciências Atuariais da Unifesp, do qual ele é professor, em março de 2018.
De acordo com a ata do encontro, Arthur contou aos presentes que, após a apresentação de sua proposta de reforma da Previdência no Congresso Nacional, foi procurado por Lorenzoni, que o informou que deputados estavam interessados em seu trabalho – entre eles, o então pré-candidato Bolsonaro.
A princípio, Arthur teria considerado que Bolsonaro tinha um “pensamento radical”, mas que Lorenzoni pediu que ele e seu irmão se informassem melhor sobre o atual presidente, porque “a mídia brasileira distorcia as informações”.
“Dessa maneira, ao melhor se informar, seu irmão Abraham e ele se deram conta que essa conduta radical seria mentira. Assim, foram conversar com Jair Bolsonaro, que teria formação em engenharia pelas Agulhas Negras, que seria uma escola militar, que tinha conhecimentos em estatística e em matemática. Assim, começaram a dar apoio científico e não politico a esse candidato, da mesma maneira que vários professores da UNICAMP e da USP fizeram a outros candidatos”, diz o documento.