Lembro-me na minha infância do festejo de São João Batista, onde todas as noites ia com a minha mãe, para acompanharmos a celebração religiosa e mais tarde, o festejo, isso mesmo “festejo”, palavra derivada de festa, que nos indica festividade, alegria, comemoração.
Recordo-me das inúmeras bancas que cercavam a praça da igreja matriz, sempre lotada de pessoas que circulavam por todas as partes, enquanto o Carlos Corrêa, de forma peculiar comandava o leilão.
Este ano estive no festejo e fiz um comparativo com aqueles anos áureos que não voltam mais e a diferença de público e fiéis é exorbitante e isso já vem de alguns anos para cá, numa decrescente que parece não ter freio, me pus a pensar no que aconteceu para que chegássemos a essa atual situação e me encaminhei a algumas conclusões:
Primeiro temos que ter a consciência que estamos em uma época onde a fé das pessoas, já não é a mesma de alguns anos atrás, a juventude de hoje não é tão motivada por pais e familiares a buscarem a igreja como em minha infância e adolescência.
Segundo, temos que saber separar, a parte religiosa, da parte festiva, que ocorre nos festejos católicos, na cidade de Pastos Bons, por exemplo, o festejo de São Bento continua sendo um dos maiores da região e logo após a missa (parte religiosa), segue o festejo, apresentações, shows e bancas com venda bebidas com ou sem álcool (parte festiva), hoje em São João dos Patos, só temos a parte religiosa, que continua recebendo um bom número de pessoas e após a missa não há mais nada de atrativo, até o leilão já não é mais o mesmo, com poucas joias e quase ninguém para arrematar.
Terceiro, houve uma época que todas as noites haviam atrações culturais com apoio da prefeitura municipal, escolas e empresários locais, quadrilhas juninas, danças de outras cidades, cantores e bandas, que atraíam um público de todas as idades e classes, hoje não temos mais isso.
Quarto, estamos passando por uma crise financeira e as pessoas estão com o poder aquisitivo desfavorecido.
Não resta dúvida que hoje o maior festejo de nossa cidade é o de São Francisco, que arrasta centenas de fiéis todas as noites para sua humilde capela, vestidos de marrom, com os pés descalços, com poucas atrações culturais (ou nenhuma), mas que ainda preserva a parte festiva, nos arredores de sua igreja, com muitas bancas e um bom público no leilão.
É interessante que se analise as situações colocadas e nos lembremos que o festejo junino é uma festa tradicional de nossa cidade, fazendo parte do nosso contexto histórico – cultural, deve-se respeitar a parte religiosa, mas, não podemos esquecer as festividades e comemorações que este período acarreta em todo Nordeste, sendo inclusive uma das principais atrações turísticas deste. Se a igreja católica se responsabiliza pela parte religiosa, cabe as autoridades buscarem a parte festiva, com quadrilhas, danças, shows e outras atrações, para que não se deixe morrer essa tradicional festa, hoje restrita apenas as escolas, com seus arraias.