O candidato à Presidência da República, Fernando Haddad (PT) e a sua vice na coligação “O Povo Feliz de Novo”, Manuela d’Ávila (PCdoB), solicitaram apuração da Justiça Eleitoral sobre o esquema profissional de propagação de fake news pelo WhatsApp utilizado pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL), de acordo com reportagem divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira (18).
A matéria confirma o que a coligação vem denunciando ao longo do processo eleitoral: Bolsonaro recebe financiamento ilegal e milionário de grandes empresas para disseminar notícias falsas massivamente pelo WhatsApp. A reportagem explica que cada contrato chega a R$ 12 milhões e tal prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas.
De acordo com a Folha de S.Paulo, as empresas que apoiam Bolsonaro compram um serviço chamado “disparo em massa”, utilizando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Ainda de acordo com a reportagem, as empresas preparam um verdadeiro bombardeio na semana anterior ao segundo turno da eleição presidencial.
Entre as empresas compradoras do pacote de fake news está a Havan, de propriedade de Luciano Hang. O empresário visitou Bolsonaro no hospital durante a recuperação do ataque que sofreu em Juiz de Fora-MG.
O dono da Havan chegou a fazer pesquisas tendenciosas e coercitivas em suas lojas para saber em quem os trabalhadores pretendem votar. Até que no dia 2 de outubro o Ministério Público do Trabalho entrou com ação para que Hang fosse multado em R$ 1 milhão caso voltasse a coagir funcionários a votarem no candidato do PSL.
Em publicação no Twitter, Fernando Haddad alertou que Bolsonaro está usando crime eleitoral para obter vantagem. “Ele que dizia que faz a campanha mais pobre foi desmentido hoje. Ele faz a campanha mais rica do país com dinheiro sujo”, denunciou o candidato à Presidência da República.
Haddad destacou que irá acionar a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral para impedir que Bolsonaro agrida violentamente a democracia, como ele já tem feito. “Fazer conluio com dinheiro de caixa 2 para violar a vontade popular é crime. Ele que foge dos debates, não vai poder fugir da Justiça”.
“O WhatsApp também pode fingir que não é com ele ou pode ajudar. Se tiver compromisso com valores, vai tomar providência e vai procurar evitar o que aconteceu na última semana do primeiro turno”, acrescentou Haddad.
Para Manuela d’Ávila, a democracia está em frangalhos. Ela citou o artigo publicado no jornal The New York Times nesta quarta-feira (17), que revela que 56% das notícias sobre eleição que circulam no WhatsApp são mentiras. O texto é assinado pela jornalista Cristina Tardáguila, diretora da Agência Lupa, de fact checking, pelo professor Fabrício Benevenuto, precursor de projeto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que monitora a rede social e pelo professor de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo), Pablo Ortellado.
Os três especialistas citam dados de um estudo produzido pela USP, UFMG e pela Agência Lupa em que foram analisados dados compartilhados no aplicativo em 347 grupos sobre política. Das 50 imagens mais compartilhadas em mais de 100 mil analisadas, 56% continham informações falsas.
Segundo a candidata a vice, a reportagem da Folha “denuncia o mais grave, que contrariando a legislação essa indústria da mentira é paga por empresários”. “É o escândalo do Caixa 2 Digital”, alarmou.