Tenho ouvido muita gente dizer que o tempo de TV vale mais que debate. Concordo em termos, afinal, quem tem cinco vezes mais tempo na propaganda política para mentir do que o outro, leva larga vantagem com os eleitores influenciáveis, mas, não acredito que só isso tenha derrubado a Marina, os debates foram cruciais.
Da mesma forma que o debate ajudou Aécio, arrasou Marina. Ela foi insegura e fraca. Não se mostrou enérgica contra os ataques do PT e PSDB, Marina preferiu tergiversar com sua retórica “paz e amor”: “Vamos governar junto com a sociedade…” Não, Marina, as pessoas não querem governar, elas querem alguém que governe.
A estratégia de Aécio Neves foi simples, atacar a Marina, para ir ao segundo turno e depois a atacar a Dilma numa eventual disputa direta, Marina não soube rebater os ataques.
Em bom português, Marina pipocou. E parte do eleitorado anti-Dilma correu para Aécio. Mas só isso não explica a subida de 14% de Aécio na última semana. Aécio claramente conseguiu atrair um eleitor que, até então, se dizia indeciso.
O que vai acontecer agora? Será que os votos de Marina no Nordeste, onde Aécio apanha feio, vão migrar para Dilma? E os votos de Marina em São Paulo, vão todos para Aécio? é esperar.
A verdade é que o resultado das urnas no último dia 05/10, mostraram que o brasileiro é covarde e prefere não apostar em mudanças, o medo venceu no 1º turno e o brasileiro preferiu apostar no continuísmo do PT e PSDB, que já governam a 20 anos o país, sem novidades, sem surpresas, sem esperanças.
E os eleitores da Marina se encontram entre a cruz e a espada, em quem votar no 2º turno? em Aécio que caçou de forma impiedosa a candidata do PSB, para chegar ao segundo turno? ou em Dilma, tão criticada por Marina?
Mesmo nesse cenário inconclusivo, algumas coisas não mudam: há uma massa – cerca de 40% dos eleitores – que vota no PT, mesmo que o dólar chegue a 15 reais, a Petrobras comece a traficar crianças escravas dentro de barris, e o partido faça alianças políticas com o diabo e o Maníaco do Parque. E há uma gigantesca fatia do eleitorado paulista – uns 60% – que vota no PSDB, mesmo que o crime aumente, bilhões sumam no escândalo do metrô, e ninguém tenha água nem pra escovar os dentes. A culpa será de São Pedro, não de Geraldo Alckmin.
As próximas três semanas serão tensas. Se o primeiro turno já foi aquela baixaria, o segundo deve ser uma carnificina. Certamente será a eleição mais apertada desde 1989, quando Collor bateu Lula por 53% a 47%., E com os dois candidatos tendo o mesmo tempo de TV, o que pode fazer a diferença, no fim, são os debates.